Que amor é este que me consome sem nunca lhe atear fogo? Que vento é este que me leva a ti sem saber onde estás? Não consigo esconder de mim a sensação estranha de borboletas no estômago, que vão esvoaçando como doidas na fresca primavera do ano e tudo se resume a isso: estranheza. Mais ainda quando te queria ver, como te vejo nessa imagem fictícia na memória que mais nada me deu senão a ilusão, a esperança e dias melhores. Fui sempre feito desse amor diferente, maior até que a própria imaginação, e nunca me dei bem - estranho, mas preocupo-me - que chegasse o dia e o momento para acontecer tudo o que se pensa ou quer-se com destemida vontade mas o tempo não corre quando devia fazê-lo, os dias não são o que deviam ser. Que culpa é esta que trago? Que ansiedade? Que vontade? O amor é um sentimento perigoso que não sabe baloiçar à chuva nem ser-se social. O amor é uma ligação e nem todos têm esse direito tão facilmente. O amor sou eu mas falta o resto.
David Marinho
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