quarta-feira, 30 de junho de 2010

MEC

Os desgostos de amor são horríveis. E, por serem horríveis, as pessoas dizem que fazem parte; que são o preço; que são um caminho; que dão força e fazem crescer. Tal é o medo de aceitar a totalidade da tragédia que são, que se chega ao ponto de ver os desgostos de amor como um rito de passagem não só para a humanidade como para o próprio amor – o que é muito mais grave. É sempre outrem que fala assim levemente, alguém que, se calhar, nunca teve um desgosto de amor digno do nome ou, se o teve, já o esqueceu e, ao esquecê-lo, provou que nunca amou, por muito desgostoso que tenha ficado. Porque também existe o desgosto de ser abandonado por alguém de quem nos habituáramos a fugir, e de já não ser amado por quem nunca amámos. Mas isso é um simples desgosto que nada tem a ver com o amor. Já um desgosto de amor é um desgosto completo: uma desilusão e uma angústia; uma frustração de quase não existir, que começa por nós próprios, num incêndio de chuva que vai por aí afora até estragar o mundo inteiro, incluindo o que mais se queria proteger: a pessoa amada. Os abutres da consolação pretendem reclassificar os desgostos e ofender o amor e, distraídos pelo prazer necrófilo de cheirar, mesmo numa pessoa amada, a morte do amor alheio – tão secreta e infinitamente invejado! -, chegam a dizer as três palavras mais estúpidas, cruéis, inúteis e indignas daquelas circunstâncias: “Foi melhor assim.” Acrescentando, às vezes, mais duas: “Deixa lá.” Como se pudéssemos responder: “Boa ideia – vou deixar!” Os desgostos de amor estragam a alma. É preciso ter muito medo deles. Respeito. Cuidadinho. Tratar o amor nas palminhas. Mesmo antes de chegar a pessoa que se vai amar. É que os corações partidos ficam partidos. Deixam de poder amar. E, em vez de amar, tornam-se músculos leves e cínicos, trocistas e elegantes. Pode até ser muito giro ser assim. Mas está para o amor como o gosto duma pedra de sal está para o mar. E às vezes ainda é mais triste: é o próprio gosto pelo amor, como quem gosta de um prazer qualquer, que mata o amor – a possibilidade de amar – logo à nascença. Será este o único desgosto, por muito caladinho que seja, tão grande como um desgosto de amor.

Miguel Esteves Cardoso, in crónicas no jornal Expresso

segunda-feira, 24 de maio de 2010

É bom!

"Sair dos dias. Não dormir. Não falar com ninguém. Ficar de fora do lá de fora. Ocupar o coração. À força. Ser como ele.

É muito bom e faz muito bem.

Espera-se um bocadinho e, pouco a pouco, ele começa a correr para dentro de nós, aflito por atenção. Traz as coisas que adiámos, em que não reparámos, que não tivemos tempo de cuidar. E primeiro vêm as mágoas. A felicidade que recusámos. Sem saber. Sempre sem saber. A tristeza que fugimos. Voltam. É muito bom e faz muito bem.

Sair de nós. Cair nos outros. Não escrever. Ler. Não pensar. Lembrar. Os amigos quietos. O murmúrio do riso que riram. A família parada. O colo onde cabe a cabeça. O amor adormecido. Estas coisas acordam. E sossega saber que nós não somos nada sem eles. E mesmo com eles, quase nada. Escravos de carinhos somos nós, seguindo atrás, de braços abertos, numa fila sem fim.

É muito bom e faz muito bem.

Sair dos trabalhos, do dinheiro, das palavras que nada querem ou conseguem dizer. Fazer gazeta. Faltar. Desobedecer. É um trabalho também. Não ir. Não responder. Não entregar. É cumprir também. Desmergulhar. Desfazer. Desacontecer. São tarefas também. Ainda mas difíceis, talvez.
É muito bom e faz muito bem.

Sair da ordem. Cair na doçura do acaso. Trocar de caos. Descer. Vestir a mesma roupa. Não fazer a barba. Beber. Fumar. Sem pausa. Sem razão. Ceder. Emergir. Abandalhar. Fazer o que não se está a fazer. Esticar a corda. Não atender. Desarrumar os livros. Passear pela casa como se fosse uma cidade destruída. Estragar.
É muito bom e faz muito bem.

Sair da vontade. Cair na estupidez. Não descansar. Ver televisão numa língua que não se compreende. Forçar. Esquecer.

Fazer o que não apetece fazer. Contrariar. Confundir. Comer atum de conserva com uma colher. Pôr o despertador para tocar mal se comece a adormecer. Dizer disparates em voz alta."Todos agora". Virar o bico ao pego. Arrepiar. Arrepender.

É muito bom e faz muito bem.

Sair do corpo. Cair na alma. De chapão. Sem ver nada à frente. Receber os mistérios. Sem cerimónias. Sem compreender. Ser absorvido. Subjugado. E agradecer. Perder o norte, o fio, os sentidos. E gostar. Divertir. Desprender. Chafurdar na lama. Acriançar. Rir. Começar a chorar. Ser levado, enlevado, enganado, desprotegido, confuso, cruel. Desviado.

É muito bom e faz muito bem.

Sair da vida. Cair na morte. Sofrer. Iludir. Acabar. Permanecer na cama. Pensar em tudo o que se faz como se fosse a última vez. Esmorecer. Querer voltar atrás e fingir que já não se pode. Confessar. Pedir. Esvaziar. Ter pena de quem se foi e do que se fez. Rejeitar o perdão, a redenção, a última oportunidade.

É muito bom e faz muito bem.

É tão bom e faz tanto bem que, às vezes, cada vez mais, não apetece regressar. Tanto que só nos resta levantarmo-nos de onde caímos e, deixando-nos conduzir por tudo o que nos tolheu os passos desde o dia em que começámos a errar, na contramão das nossas almas, só nos resta procurar um sítio onde a nossa ida não se reconhece, não se aceita, não faz sentido, e entrar.

Entrar aqui. Daqui de onde nunca se sai. E ficar."


Miguel Esteves Cardoso

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Viagem á Felicidade: Eduardo Punset

Até há pouco mais de um século, a esperança média de vida rondava os trinta anos: o suficiente para se aprender a sobreviver, se se contasse com a sorte, e culminar o propósito evolutivo da reprodução. Não havia futuro nem a possibilidade de se propor um objectivo tão insuspeito como o de se ser feliz. Esta era uma questão que se deixava para depois da morte e que dependia dos deuses. A revolução científica iniciou entretanto a mudança mais importante de toda a história da evolução: o prolongamento da esperança de vida que acrescentou mais de quarenta anos, redundantes ? em termos evolutivos. Pela primeira vez a humanidade tem futuro e coloca, logicamente, a questão de como se ser feliz aqui e agora. As pessoas submergiram nessas águas desconhecidas sem, praticamente, ter ajuda de ninguém. Agora a comunidade científica tenta iluminar o caminho.»Este livro é uma lúcida e apaixonante aproximação à felicidade e suas condicionantes: as emoções, o stress, os fluxos hormonais, o envelhecimento, os factores sociais, económicos, culturais e religiosos... É uma indagação que nos revela as mais recentes descobertas científicas sobre este tema e no capítulo final propõe-nos uma fórmula para a felicidade.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Que amor é este?

Que amor é este que me consome sem nunca lhe atear fogo? Que vento é este que me leva a ti sem saber onde estás? Não consigo esconder de mim a sensação estranha de borboletas no estômago, que vão esvoaçando como doidas na fresca primavera do ano e tudo se resume a isso: estranheza. Mais ainda quando te queria ver, como te vejo nessa imagem fictícia na memória que mais nada me deu senão a ilusão, a esperança e dias melhores. Fui sempre feito desse amor diferente, maior até que a própria imaginação, e nunca me dei bem - estranho, mas preocupo-me - que chegasse o dia e o momento para acontecer tudo o que se pensa ou quer-se com destemida vontade mas o tempo não corre quando devia fazê-lo, os dias não são o que deviam ser. Que culpa é esta que trago? Que ansiedade? Que vontade? O amor é um sentimento perigoso que não sabe baloiçar à chuva nem ser-se social. O amor é uma ligação e nem todos têm esse direito tão facilmente. O amor sou eu mas falta o resto.

David Marinho

quinta-feira, 15 de abril de 2010

A Rainha que mandou à fava o cavaleiro da armadura oxidada

Por detrás de qualquer rainha existe sempre uma história com o seu lado de fantasia e de vivências que gostaria de esquecer, de amores que nasceram limpos e depressa perderam o sentido, de noites sem sono, de beijos a fazer crer que o amor era possível e de sentimentos que um dia poderão ter sido autênticos.
Por detrás de qualquer rainha há a história de um coração inocente e de uma coroa desconhecida.
Por detrás de qualquer rainha há um sonho que de busca eterna, pelo qual ela é capaz de empenhar até a coroa e de enfrentar os demónios mais obscuros.
Por detrás de qualquer rainha há uma história confessável de amor perdido, atraiçoado, encontrado, sonhado, sentido, ignorado e aprendido.
Dentro de qualquer rainha existe uma alma forte que arrisca tudo desde que possa viver a sua vida e alcançar o destino da sua coroa.

terça-feira, 13 de abril de 2010

A Rainha que mandou à fava o cavaleiro da armadura oxidada

Infelizmente há pessoas que acendem faíscas atrás de faíscas, mas nunca provocam a chama. Porquê? Simplesmente porque gostam do efeito faísca, procuram adrenalina que ela produz, pois fá-las esquecer por um momento a sua realidade interior - vazio, solidão, pânico de amar, medo do abandono, medo de que deixem de ser amadas, desvalorização. Enquanto estiverem sob o efeito da droga que é a adrenalina, estas pessoas ficarão viciadas nas faíscas iniciais das relações, pois é uma droga que tem um efeito potente.
-
Uma vez passado o efeito-faísca, vão querer mais. E, regra geral, isso não costuma dar-se outra vez com a mesma pessoa, mas com alguém desconhecido, a quem não estão ligadas por qualquer laço afectivo e com quem possa surgir uma nova faísca. Sem laços afectivos não há compromisso, e sem compromisso não há medo.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Só o amor é real

Para cada um de nós, existe alguma pessoa especial. Muitas vezes, existem duas, três, ou mesmo quatro. Todas vêm de gerações diferentes.
Atravessam oceanos de tempos e profundidades celestiais para estarem connosco novamente. Vêm do outro lado do céu.
Podem parecer diferentes, mas o nosso coração reconhece-as. O nosso coração abrigou-as nos braços em tempos antigos.
Marchamos juntos nos exércitos de generais guerreiros que a História esqueceu, e vivemos com elas nas cavernas cobertas de areia dos Homens Antigos.
Há entre eles e nós um laço eterno, que nunca nos deixa sós.
A nossa mente pode interferir. "Eu não te conheço". Mas o coração sabe.
Ela toma a nossa mão pela "primeira" vez, e a lembrança daquele toque transcende o tempo e faz disparar uma corrente que percorre todos os átomos do nosso ser.
Ela olha nos nossos olhos e vemos um espírito que nos vem acompanhando há séculos.
Há uma estranha sensação no nosso estômago. A nossa pele arrepia-se. Tudo o que existe fora desse momento perde a importância.
Ela pode não nos reconhecer, muito embora tenhamos finalmente nos reencontrado, embora a conheçamos. Sentimos a ligação. Vemos o potencial, o futuro.
Mas ela não o vê. Temores, racionalizações, problemas cobrem-lhe os olhos com um véu. Ela não permite que afastemos o véu.
Choramos e sofremos, mas ela vai-se . A "natureza" tem os seus caprichos.
Quando os dois se reconhecem, nenhum vulcão é capaz de explodir com força igual.
O reconhecimento do espírito pode ser imediato.
Uma súbita sensação de familiaridade, de conhecer aquela pessoa em níveis mais profundos do que a mente consciente poderia alcançar. Em níveis geralmente reservados aos mais íntimos membros da família.
Ou ainda mais profundos.
Sabemos intuitivamente o que dizer, como ele vai reagir. Um sentimento de segurança e uma confiança muito maior do que se poderia atingir em apenas um dia, uma semana ou um mês.
O reconhecimento da alma pode ser subtil e lento. Um despertar da consciência à medida em que o véu se vai aos poucos levantando. Nem todos estão prontos para ver imediatamente. Há um ritmo nisto tudo, e a paciência pode ser necessária àquele que percebe primeiro.
Um olhar, um sonho, uma lembrança, uma sensação podem fazer com que despertemos para a presença do espírito.
O toque de suas mãos ou o beijo de seus lábios pode nos despertar e projetar-nos subitamente de volta à vida.
O toque que nos desperta pode ser de um filho, de um pai, de uma mãe, de um irmão ou de um amigo leal.
Ou pode ser da pessoa a quem amamos, que atravessa os séculos para nos beijar mais uma vez e lembrar-nos de que estamos juntos sempre, até o fim dos tempos.
Do livro "Só O Amor É Real", de Brian Weiss

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Abrindo as Portas que há em Nós de Eileen Caddy

O que está certo para uma pessoa pode não estar para outra. Razão pela qual é importante que tu procures a tua própria direcção interior e ajas de acordo com ela sem tentar seguir os passos de quem quer que seja. Tu tens liberdade de escolha, pois EU dei a todos os seres humanos o livre arbítrio. Tu não és como uma marioneta que não se pode mexer sem que lhe puxem os fios.

Tu podes procurar e encontrar o que consideras correcto; o que fizeres então depende só de ti. Só encontrarás verdadeira paz de coração e de espírito quando seguires o que consideras ser correcto; por isso, procura e continua a procurar até que tenhas encontrado o teu caminho, depois segue-o. Isso pode significar teres que contar só contigo e fazer algo, que possa parecer estranho aos olhos dos outros, mas não te deixes assustar. Faz tudo o que sabes, interiormente, estar correcto para ti, e daí só o melhor resultará.

O Retorno ao Amor: Reflexões aos princípios do Curso em Milagres

Examinar o passado pode ajudar a clarificar muitos dos nossos problemas, mas curar não ocorre no passado. Ocorre no presente. Existe praticamente a mania hoje em dia de culpar os eventos da nossa infância em relação ao nosso actual desespero. O que ego não quer que nós vejamos é que a dor não vem pela falta de amor que não nos foi dado no passado, mas sim pelo amor que nós não estamos a dar a nós mesmo no presente. A salvação é apenas encontrada no presente. A todos os momentos nós temos a oportunidade de mudar o nosso passado e o nosso futuro ao reprogramar o presente.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Cartas ao Amor... que nunca chegou

Histórias
A nossa história podia ter dado um livro.
Um livro tal qual esses livros de amor, com final feliz (sim, porque eu acreditei sempre que podíamos ter o nosso).
Escrevo-te sempre que me chegas à lembrança e isso só significa que ainda não me esqueci de ti.
Sei que isso é mau, mas não consigo largar este vício de ti. Esta vontade de te ter em mim, do teu abraço, do teu toque tão subtil, da tua simplicidade em nós.
Ás vezes apetecia-me recuar no tempo só para os meus lábios tocarem nos teus outra vez..sabes?
" Trago-te um beijo prometido, sem o teu cheiro mergulho no tempo..."

Finais In(Felizes) I
Eu podia ter-me apercebido que essa distância seria um adeus.
Que essa falta de resposta e de intenção significava desinteresse mas...o amor era mais forte que os sinais que me enviaste.
Nos teus olhos estava espelhado que não era eu a tal. Nos teus gestos frios e abraço seco, estava tudo bem retratado em detalhe.
Fugi disso, fugi disso tudo com medo de passar tudo de novo. Fugi de cair de novo numa desilusão amorosa, adiei o previsivel e inevitavel.

Maça e Canela

quarta-feira, 24 de março de 2010

Amar?

Quantos de nós conhecem aqueles que dizem amar? Quantos podem dizer que navegam realmente, sem mapas de rotas estreladas, na alma daquele/a que dizem amar, que lhe conhecem as veias do coração, os segredos que se aninham nas palavras não ditas, as virtudes engrandecedoras e os defeitos de fabrico que nos empenhamos por varrer para debaixo do tapete?

Quantos não vêm apenas o que desejam, não constroem cavaleiros de capa e espada que não são mais que fantasmas sem carne nem osso que se toque, damas antigas de rosto pintado com rouge e virtudes apregoadas pelas casamenteiras de época...?

Quantos de nós se mostram ao outro sem fantasias, nús de rosto, alma e pensamento, de corpo aberto e livre de pudores, medos ou simulações... simplesmente sendo quem somos, sem reservas?

Como sustenta a frase de Baba Dioum, ama-se aquilo que se conhece. E conhece-se o que nos é ensinado. Conhecer consome tempo, carinho, paciência, adaptabilidade, generosidade, respeito pela diferença, inexistência de pre-conceito... conhece-se através da alegria, da partilha, do sabor, do toque, mas também das lágrimas, do desespero, do medo, da raiva, da tristeza... porque somos o somatório de muito, e muito de nós revela-se na necessidade.

Dizer "amo-te" é quase demasiado fácil. Senti-lo realmente a ressoar no interior quando o dizemos, um sentimento claro, simples, verdadeiro, honesto... é muito mais raro.



Laranja no Preto by Mag

Amar?

Quantos de nós conhecem aqueles que dizem amar? Quantos podem dizer que navegam realmente, sem mapas de rotas estreladas, na alma daquele/a que dizem amar, que lhe conhecem as veias do coração, os segredos que se aninham nas palavras não ditas, as virtudes engrandecedoras e os defeitos de fabrico que nos empenhamos por varrer para debaixo do tapete?

Quantos não vêm apenas o que desejam, não constroem cavaleiros de capa e espada que não são mais que fantasmas sem carne nem osso que se toque, damas antigas de rosto pintado com rouge e virtudes apregoadas pelas casamenteiras de época...?

Quantos de nós se mostram ao outro sem fantasias, nús de rosto, alma e pensamento, de corpo aberto e livre de pudores, medos ou simulações... simplesmente sendo quem somos, sem reservas?

Como sustenta a frase de Baba Dioum, ama-se aquilo que se conhece. E conhece-se o que nos é ensinado. Conhecer consome tempo, carinho, paciência, adaptabilidade, generosidade, respeito pela diferença, inexistência de pre-conceito... conhece-se através da alegria, da partilha, do sabor, do toque, mas também das lágrimas, do desespero, do medo, da raiva, da tristeza... porque somos o somatório de muito, e muito de nós revela-se na necessidade.

Dizer "amo-te" é quase demasiado fácil. Senti-lo realmente a ressoar no interior quando o dizemos, um sentimento claro, simples, verdadeiro, honesto... é muito mais raro.



Laranja no Preto by Mag

segunda-feira, 1 de março de 2010

Para que o amor possa resultar.

Para uma relação amorosa resultar é necessária a combinação de três factores, aparentemente óbvios, mas que na prática se tornam difíceis de reunir. O primeiro passa por duas pessoas gostarem uma da outra em todos os sentidos em que o verbo se pode conjugar. Gostar como amar, como desejar, como proteger, como respeitar. Depois, é preciso que se entendam. O entendimento pode ser natural, tácito ou treinado, mas tem de existir. Duas pessoas que até se amam apaixonadamente, se não se entenderem, não chegam a lado nenhum.
E por fim, de preferência, que sejam do mesmo género. Que tenham afinidades suficientes para que não precisem de estar sempre em briefing. É quando sentimos que estamos a jogar em casa e tudo se encaixa naturalmente, mesmo na fase embrionária, cristalizada para sempre nos momentos em que entramos em identificação com o outro. Coisas tão triviais como falar a mesma língua, ter lido os mesmos livros, ouvir a mesma música, seguir o mesmo lifestyle, pertencer à mesma teia social, pegar nos talheres da mesma maneira, ter a mesma lista de palavras proibidas.
MRP

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

7 de paus

A suprema felicidade da vida é a convicção de ser amado por aquilo que se é, ou, mais correctamente, apesar daquilo que é." (Victor Hugo)

Quando é que conseguimos atingir este patamar de discernimento? Quando nos amarmos seriamente. Aquela máxima já muito usada do “só podemos ser amados se nos amarmos”, é absolutamente verdadeira. Mas nós procuramos o amor nos outros e nas coisas. Nós tentamos colmatar as carências buscando externamente o que temos de sentir internamente. Enquanto não pararmos essa busca irracional vamos continuando a sofrer desilusões, porque os outros nunca nos vão amar da forma como nós queremos, precisamos, merecermos ou idealizamos. No momento em que nos sentirmos plenos, pode ter a certeza de que a pessoa certa surge. Há que acreditar. Vera Xavier

O amor esta no ar

Depois de sair de Londres para seguir o seu desejo de mudar de vida, Ceri D'Altroy jura abandonar definitivamente as suas manias de casamenteira. Isto porque parece que a sua simples presença acaba por incentivar as pessoas que encontra pelo caminho a mudar de vida.No seu novo emprego, conhece Ed que decidiu declarar o seu amor por uma mulher que o enlouquece; Mel e Claudine, dois amigos de longa data que resolvem iniciar um romance ilícito; e Gwen, a chefe de departamento que é uma fumadora compulsiva e esconde um segredo profundo e sombrio que só quer partilhar com a sua nova funcionária.Quem entra em contacto com Ceri, nunca mais volta a ser o mesmo.Será ela o Cupido dos tempos modernos?

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Miss Glitering

Há pessoas que olham para o Amor de uma forma comodista. Para estas pessoas não é importante o amor que se tem ao outro, mas o que o amor do outro lhes pode trazer de bom. Mantém-se nas relações por questões práticas e utilitárias, e pouco lhes importa se o outro é feliz ou não. Fingem-se de mortas quando a conversa sobre os pontos nos i's não lhes interessa, e desde que dê para ir mantendo as aparências e as conveniências (delas mesmas) está mais que bom. Mudar para quê? Falar o quê? Tentar o quê? O bom é que tudo encaixe, que esteja tudo à mão, certinho e direitinho, que niguém chateie com novos planos ou novos sonhos. Não. Mudar dá trabalho, inovar numa relação é coisa de gente maluca.


Depois, um dia, quando acordam e olham para o lado, percebem que tudo o que deram como garantido já era. Por uma razão muito simples: porque falamos de Pessoas e não de animais de estimação, que com mais ou menos festas no pêlo, mais ou menos idas à rua para passear e apanhar ar, mais ou menos ração por dia, mais ou menos idas ao veterinário, se mantêm sempre fiéis. Afinal, para estes últimos, não existe outra alternativa, mesmo que quisessem, mesmo que não se sentissem amados e desejados. Permancem porque tem de ser.
Tem de ser? Viver assim é ter a vida controlada e a vida é demasiado valiosa para ser manipulada como se de um qualquer jogo de PSP se tratasse.


E quem é que nos dias que correm dá alguma coisa como garantida? E se estivermos a falar de Pessoas? Desde quando é que alguém, emocionalmente inteligente, dá como garantida uma pessoa na sua vida? O tempo (de idade, de relação, de experiência, de competências maritais e, até, parentais) não é sinónimo de maturidade. Nunca foi e nunca será.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Miss Glitering

"as mulheres aprendem a observar nos outros aquilo a que mais tarde chamam intuição. é uma qualidade quase exclusiva do foro feminino e é por isso que os homens que também a possuem chegam mais longe. a essa capacidade de antecipar a realidade, de ler no olhar uma subtileza, de interpretar a vontade e o medo nas batidas de um coração, os homens chamam-lhe instinto, as mulheres, intuição. é a intuição que diz a uma mulher que está a gerar uma criança mesmo antes de fazer o teste da gravidez, que indica os caminhos do coração quando a dúvida se instala, que lhe diz quando deve lutar por um homem ou desistir dele. é uma espécie de mapa interior, de guia invisível, de alarme adiantado à inevitabilidade da vida. a estes sinais, dados pelo acaso, por um centésimo de segundo de silêncio ou na troca furtiva de um olhar, é preciso interpretar o que sente e a partir daí perceber o que pode acontecer."

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Solidão

"A solidão existe e, ainda por cima, é constitutiva e faz parte. Mas, porque se trata de um sentimento, não é modificável no exterior. À solidão externa chama-se isolamento, e tem remédio. À solidão como sentimento, a tal que desespera, a tal que engelha a pele e a alma, não há pessoas que cheguem, não há festas que disfarcem, não há afectos que calem.
A solidão mais terrível, mais dorida e arreigada é sempre aquela que, inscrita em nós, nos impede de amar os outros e de os deixar ocupar espaço dentro de nós. E dessa, só nós temos, além do mal, a cura."
in "o palhaço voador"

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Cavalo Branco

O cavalo está a galopar rapidamente, e parece que o homem que cavalga se dirige a algum lugar importante. Outro homem, em pé ao lado da estrada, grita: "Para onde estás a ir?" e o homem a cavalo responde: "Não sei. Pergunte ao cavalo!"

É esta a nossa história. Estamos todos sobre um cavalo, não sabemos aonde vamos e não conseguimos parar. O cavalo é a força de nossos hábitos que nos puxa, e somos impotentes diante dela. Estamos sempre a correr, e isso já se tornou um hábito. Estamos acostumados a lutar o tempo todo, até mesmo durante o sono. Estamos em guerra com nós mesmos, e é fácil declarar guerra aos outros também.
Precisamos aprender a arte de fazer cessar — parar o nosso pensamento, a força de nossos hábitos, a nossa desatenção, bem como as emoções intensas que nos regem. Quando uma emoção nos assola, ela se assemelha a uma tempestade, que leva consigo a nossa paz.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Slogan: Two activities: one at the beginning, one at the end.
Comment: In the morning when you wake up, you reflect on the day ahead and aspire to use it to keep a wide-open heart and mind. At the end of the day, before going to sleep, you think over what you have done. If you fulfilled your aspiration, even once, rejoice in that. If you went against your aspiration, rejoice that you are able to see what you did and are no longer living in ignorance. This way you will be inspired to go forward with increasing clarity, confidence, and compassion in the days that follow.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Amar

"Quando se ama alguém tem-se sempre tempo para essa pessoa. E se ela não vem ter connosco, nós esperamos. O verbo esperar torna-se tão imperativo como o verbo respirar. A vida transforma-se numa estação de comboios e o vento anuncia-nos a chegada antes o alcance do olhar. O amor na espera ensina-nos a ver o futuro, a desejá-lo, a organizar tudo para que ele seja possível. É mais fácil esperar do que desistir. É mais fácil desejar do que esquecer. É mais fácil sonhar do que perder. E para quem vive a sonhar, é muito mais fácil viver."

“Poucas pessoas tiveram na vida tanta companhia como eu; fui criada numa casa cheia de amor e tenho os melhores amigos do mundo que me ajudam a pensar, a lamber as feridas, a escolher novos caminhos e a crescer mas penso demasiado em tudo, tenho sempre coisas para dizer aos outros e sei que os outros nem sempre têm tempo ou paciência para me ouvir.”
“Se calhar sou doida, sofro da mais antiga enfermidade do ser humano e que ainda nenhum cientista se lembrou de diagnosticar, estudar e classificar como uma patologia: não sei viver sem amor. Preciso de amar e de ser amada para viver sem me deixar engolir pela realidade, sem sentir que estou a lutar para me manter à tona. A vida sem amor é para mim uma questão de sobrevivência, um deserto imenso e assustador, um vazio do tamanho do buraco negro. Porque antes de tudo e depois de tudo, está o amor. E tudo acaba, tudo passa, tudo se desfaz, se desfigura, se dissipa, se enterra ou se transforma, mas o amor nunca acaba, porque é impossível viver sem amor. Mesmo que só existam palavras, o amor vive-se na mesma. A pior coisa é não amar, penso que isso não existe.”

MRP

Autora: Margarida Rebelo Pinto