quarta-feira, 24 de março de 2010

Amar?

Quantos de nós conhecem aqueles que dizem amar? Quantos podem dizer que navegam realmente, sem mapas de rotas estreladas, na alma daquele/a que dizem amar, que lhe conhecem as veias do coração, os segredos que se aninham nas palavras não ditas, as virtudes engrandecedoras e os defeitos de fabrico que nos empenhamos por varrer para debaixo do tapete?

Quantos não vêm apenas o que desejam, não constroem cavaleiros de capa e espada que não são mais que fantasmas sem carne nem osso que se toque, damas antigas de rosto pintado com rouge e virtudes apregoadas pelas casamenteiras de época...?

Quantos de nós se mostram ao outro sem fantasias, nús de rosto, alma e pensamento, de corpo aberto e livre de pudores, medos ou simulações... simplesmente sendo quem somos, sem reservas?

Como sustenta a frase de Baba Dioum, ama-se aquilo que se conhece. E conhece-se o que nos é ensinado. Conhecer consome tempo, carinho, paciência, adaptabilidade, generosidade, respeito pela diferença, inexistência de pre-conceito... conhece-se através da alegria, da partilha, do sabor, do toque, mas também das lágrimas, do desespero, do medo, da raiva, da tristeza... porque somos o somatório de muito, e muito de nós revela-se na necessidade.

Dizer "amo-te" é quase demasiado fácil. Senti-lo realmente a ressoar no interior quando o dizemos, um sentimento claro, simples, verdadeiro, honesto... é muito mais raro.



Laranja no Preto by Mag

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